16-01-2023
Expansão da rede de postos de carregamento através de dados geoespaciais
O Problema: O sector dos transportes é responsável pelas maiores emissões de gases com efeito de estufa. Por exemplo, no Reino Unido em 2019 estes representaram quase um quinto (19%) das emissões totais. Em 2020, o governo do Reino Unido anunciou o fim da venda de veículos gasolina e gasóleo até 2030, com todos os veículos a serem totalmente sem emissões de gases a partir de 2035. A transição para veículos com emissões zero ajudará o país a cumprir os seus objetivos em relação às alterações climáticas, melhorando a qualidade do ar e apoiando o crescimento económico.
No entanto, é necessária uma robusta rede de pontos de carregamento público para satisfazer a procura atual e futura e aumentar a confiança dos consumidores para mudar para veículos elétricos. O governo britânico estima que serão necessários pelo menos 300.000 pontos de carregamento público até 2030, mas outras estimativas são mais elevadas.
Após uma série de reuniões organizadas pela Comissão Geoespacial, que envolveram diversas entidades desde a Associação para a Informação Geográfica (AGI), responsáveis pela rede elétrica nacional, e empresas operadoras de postos de carregamento, chegaram a uma série de conclusões presentes num relatório intitulado Chegar ao Ponto: acelerar os pontos de carregamento através de dados geoespaciais.
O papel dos dados de localização
Os dados de localização ajudam as autoridades locais e os operadores de pontos de carregamento a planearem o futuro, realizando modelos de procura, identificando locais de estacionamento e compreendendo as preferências dos consumidores. A colocação de pontos de carregamento numa localização conveniente dará confiança nos condutores que ainda não fizeram a troca, acelerando assim a adoção do uso de veículos elétricos, o que, por sua vez, estimulará o crescimento económico e apoiará a descarbonização.
De acordo com o resumo do relatório, os recentes avanços na modelação e na análise espacial oferecem uma imensa oportunidade para direcionar a implementação eficiente de pontos de carregamento. Por exemplo, vários conjuntos de dados podem ser combinados para entender a procura de ponto de carga para uma determinada área, identificar os locais mais rentáveis e selecionar quais irão melhor atender às necessidades da comunidade.
Os desafios
O relatório refere que a utilização dos dados de localização é atualmente a exceção e não a regra. A modelação da procura de pontos de carregamento requer conhecimento técnico e acesso a conjuntos de dados sobre as preferências dos consumidores, padrões de deslocação e o ambiente físico. O fosso de capacidade é particularmente evidente entre as autoridades locais, que são fundamentais para o sucesso da implantação do ponto de carregamento, nomeadamente para a implantação de postos de carregamento diretamente nas vias públicas.
Foram delineados quatro desafios significativos para a implementação efetiva do ponto de carregamento que os dados de localização podem ajudar a superar:
1. Modelar a procura futura: A modelação da procura pode fornecer aos planeadores provas orientadas por dados para identificar quantos e que tipos de pontos de carregamento precisam de ir para onde e quando, tendo em conta as necessidades locais.
2. Encontrar locais adequados: Um melhor acesso a dados mais granulares sobre capacidade energética e restrições físicas pode apoiar os planeadores na identificação dos locais ideais e evitar o esforço desperdiçado.
3. Criar uma experiência de consumo perfeita: Tornar os dados de localização do ponto de carregamento mais encontráveis, acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis (principio FAIR) permitirá ao sector privado criar uma melhor experiência de carregamento para os condutores de veículos elétricos, permitindo ao desenvolvimento de produtos e serviços mais inovadores.
4. Acompanhamento: O governo precisa de garantir que pode monitorizar a implementação dos pontos de carregamento a nível nacional e regional, desenvolvendo métricas espaciais que possam responder às necessidades locais.
Ações bem definidas
A Comissão Geoespacial mencionou igualmente um rumo de ação bem definido, juntamente com o seu calendário para ultrapassar os quatro desafios:
1. Até junho de 2023, a Comissão Geoespacial deverá:
Fornecer um estudo de viabilidade sobre como alargar o acesso à modelação da procura, incluindo se os modelos existentes podem ser escalados.
Explorar a criação de um conjunto de dados geoespacial para estacionamento na via pública, considerando as fontes de dados existentes e a privacidade.
Examinar como os dados de mobilidade agregados e anonimizados poderiam ser aplicados para informar a implementação do ponto de carregamento.
2. Em 2023, o Departamento de Estratégia Empresarial, Energética e Industrial (BEIS), no Reino Unido, realizará um estudo de viabilidade para analisar as necessidades, benefícios, âmbito e custos da coluna digital de um sistema energético para apoiar a interoperabilidade em todo o setor.
3. A Comissão Geoespacial entregará o Registo Nacional de Ativos Subterrâneos (NUAR). Uma vez operacionais, os planeadores poderão consultar a NUAR no planeamento, escavação e instalação de novos pontos de carregamento público.
4. O governo está a legislar para mandatar os operadores de pontos de carregamento (CPOs) para disponibilizar dados sobre os seus pontos de carregamento num formato normal.
5. À medida que o governo prossegue com os seus planos de tornar os dados de ponto de cobrança mais FAIR (encontráveis, acessíveis, interoperáveis e reutilizáveis), a Comissão Geoespacial acompanhará a forma como as empresas inovadoras utilizam os dados para criar produtos e serviços que melhorem a experiência do consumidor.
6. O governo considerará o desenvolvimento de métricas espaciais que utilizem a modelação da procura para acompanhar as disparidades regionais, contabilizando simultâneos diferenças nas necessidades locais.
Ao obter as melhores localizações destes pontos de carregamento, o país pode construir uma rede de pontos de carregamento que responda à procura e remova a ansiedade dos condutores sobre os limites de autonomia dos veículos elétricos, dando-lhe uma maior confiança numa rede de carregamentos fiável, abundante e rápida.
Clique nas imagens em baixo para ter acesso ao Anexo - Relatório da AGI:
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