14-11-2022
Como estão Relacionados a Crimeia, Rússia, EUA e Alasca?
Tudo começou em 2014 quando a Crimeia, república autónoma da Ucrânia, foi invadida e anexada pela Rússia. O argumento apresentado na altura pela Rússia foi que Crimeia é uma região de fortes laços históricos e culturais com a população russa.
Não satisfeitas as ambições do Kremlin na madrugada de 24 de fevereiro de 2022, o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, lança uma invasão militar em larga escala sobre a Ucrânia. Oficialmente nomeada pelos russos como "Operação Militar Especial na Ucrânia".
Esta intervenção militar recebeu ampla condenação da comunidade internacional, especialmente pelos países europeus. Protestos globais ocorreram contra a invasão e um grande número de empresas iniciou um boicote à Rússia.
Países ocidentais e muitos outros países começaram a impor sanções. Com o início dos ataques em 24 de fevereiro, um grande número de países adicionais começou a aplicar sanções com o objetivo de paralisar a economia russa. As sanções foram amplas, visando indivíduos, bancos, empresas, trocas monetárias, transferências bancárias, exportações e importações.
O futuro da economia russa está complicada e todas estas medidas estão a causar um forte impacto negativo e a acrescer a isso a receita estável da venda de energia à Europa (Nord Stream) deixou não só de existir de um dia para o outro, como provavelmente nunca mais será recuperada atendendo à posição da Europa de procura de fornecedores alternativos e ao despoletar de fortes investimentos na área das energias renováveis.
Mas porquê o título deste artigo?
É curioso como a história se repete e também aqui com a Crimeia no centro dos acontecimentos.
Em meados do século XIX, mais precisamente entre 1853 e 1856, também ocorreu uma guerra na península da Crimeia. Envolveu, de um lado o Império Russo e, do outro, uma coligação integrada pelo Reino Unido, a França, o Reino da Sardenha e o Império Otomano (atual Turquia). Esta coligação, que contou ainda com o apoio do Império Austríaco, foi criada como reação às pretensões expansionistas da Rússia.
A dada altura as coisas complicaram-se para a Rússia e para fugir a confrontos e perdas territoriais o Imperador Russo acabou por assinar o tratado de Paris de 30 de março de 1856 que pôs fim à guerra. Os estragos já lá estavam e a Rússia ficou numa situação financeira muito debilitada que a obrigou a adotar medidas radicais ao ponto de ter que vender o Alasca aos Estados Unidos da América.
Na época, a região era completamente isolada, coberta de gelo e sem qualquer utilidade económica, mas o então secretário de Estado, William H. Seward, propôs a compra do Alasca. Muitos americanos, entre eles vários políticos, eram contra esta compra, por acharem que esta região era praticamente inabitável. Tais críticos apelidaram o Alasca de "disparate de Seward".
Em 1867, o Congresso dos Estados Unidos acabou por aprovar a compra do Alasca a 30 de Março por 7.200.000 de dólares, ou cinco centavos por hectare. A 18 de outubro, a bandeira norte-americana foi içada pela primeira vez no Alasca, que se tornou um território dos Estados Unidos.
Hoje é inquestionável que foi um grande negócio. Dos 50 estados é o maior em extensão territorial, (maior que o Texas, Califórnia e Montana juntos, respetivamente o 2º, 3º e 4º mais extensos) e desde então os Americanos descobriram um enorme depósito de recursos naturais em especial ouro e petróleo.
Tudo começou na Crimeia! Será que a história se repete e as ambições da Rússia vão novamente deixar o país numa situação muito debilitada a todos os níveis?
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